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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hábito de abrir cicatrizes no rosto, famosas curas ( gbéré )



Esta é uma antiga prática muito difundida entre os Yorùbá, hoje em dia já não é tão comum, pois com o desenvolvimento cultural e tecnológico perdeu a finalidade, e tende a desaparecer por completo.

A origem desse costume foi na Nigéria Ocidental (povo yorùbá), devido à grande quantidade de guerras que havia na região.

Os Fulani estavam sempre em guerra com os Yorùbá, e as próprias cidades guerreavam-se entre si.

No meio de uma batalha uma pessoa poderia matar alguém do seu próprio grupo.

Já com as marcas no rosto a identificação tornou-se bem mais fácil, e só eram mortos ou aprisionados como escravos aqueles com marcas diferentes, ou os que não tinham marca alguma (é uma prática bem diferente do candomblé).

Outro motivo para as marcas era que os escravos, quando não tinham marcas, levavam no rosto a marca de seu dono.


Os grupos familiares também costumavam marcar o rosto para facilitar a identificação de pessoas da mesma família, ao se encontrarem fora da cidade (Este poderia ser o argumento do Candomblé).

Finalmente, algumas pessoas se achavam mais bonitas com cicatrizes no rosto, para “estar na moda”.

Atualmente os ijebú e os ijesá não cortam mais marcas no rosto dos recém-nascidos.

Em Ondo são feitas marcas somente no rosto do primogênito, enquanto em Oyo existem famílias que fazem as cicatrizes até hoje.

Alguns exemplos das marcas usadas nas diversas cidades do grupo Yorùbá:

1- Pélé - este tipo de marca é feito para embelezar. São três marcas verticais de cada lado do rosto. Característica da cidade de Ifé.




2 - Gombo - são três marcas verticais laterais bem grandes de cada lado, da cabeça até ao queixo. São características da cidade de Oyo.




3 - Marca da cidade de Ondo - Uma cicatriz vertical, comprida, de cada lado, na frente do rosto.



4 - Marca de Ijebú - Três marcas verticais curtas de cada lado do rosto.




5 - Àbàjà de Egbá - três marcas verticais em cima de três horizontais.




6 - Àbàjà de Ijesà - quatro marcas horizontais de cada lado.




7 - Pélé de Èkitì - uma marca vertical de cada lado do rosto (encontra-se também três de cada lado).



8 - Àbàjà de Èkitì - nove pequenas marcas horizontais (três a três) com três verticais acima.




Estes exemplos acima é apenas uma pequena amostra das tantas aldeias africanas, que possuem marcas tribais de identificação.
Algumas continuam mantendo a tradição outras aboliram esta prática.

Porém, ao encontrar uma pessoa com uma destas cicatrizes, você poderá facilmente identificá-la como nigeriana.
Tudo indica que as “curas” feitas nos filhos de santo foram originadas desse costume, pois servem também como identificação das pessoas de candomblé.
As curas no "Candomblé" servem como digital do ilé ao qual o Omo Òrìsà foi niciado, cabe aos que entendem imediatamente identifica-las, ou seja, poucos usam esta prática, porém prevalece entre a maioria dos antigos.

Deixo claro que, a tradição yorùbá é de uma grande influência dentro do candomblé, mesmo que muitas desta influências tenham se perdido, ainda prevalece a essência dinamica que tudo move.
Tudo se baseia na África, tudo é feito e pedido em cima do idioma e da cultura yorùbá, sem estas bases o candomblé não teria identidade.

OBS: No candomblé as curas são feitas em diferentes partes do corpo menos no rosto.
Já vi no braço, perna, peito, costas e já ouvi comentários que existe casas que fazem na lingua (nada a declarar).

Costume e tradição cultural vai de ilé para ilé, respeitando uns aos outros se há o entendimento... O bom entendimento !.

Com relação a outros tipos de cortes "curas" "gbéré" se da a pratica de beleza feminina, com relação a beleza corporal, antigamente as mulheres Yorùbá gostavam de embelezar o corpo com tintas e cortes.

Para fazer desenhos no rosto e partes visíveis do corpo era usada a seiva de uma árvore chamada bùje.
O nome dessa pintura é ínábùje, e demora muito a sair da pele.
Outros produtos vegetais bastante usados eram o òsùn (tinta vermelha extraída de uma planta) e o lààlì (planta que também dá coloração vermelha, tipo henna).
O òsùn era usado nas festas de casamento, nascimento e posse do rei.
Nessas ocasiões encontravam-se mulheres pintadas com òsùn dos pés à cabeça, pois achavam que isso as tornava mais bonitas.
Ao dar à luz as mulheres costumavam embelezar seu corpo e o da criança com òsùn.

Uma esposa nova na casa também costumava pintar os pés com òsùn à noite, ao deitar, para ficar bonita.
O uso de lààlì é um costume haussá, trazido para a região dos iorubá pelos muçulmanos.
A folha era misturada com kanun.
As mulheres pintavam os pés e as unhas das mãos e pés, deixando descansar por algumas horas. Depois lavavam o local, e ele ficava cor-de-rosa.
Uma das coisas de que os iorubá mais gostavam eram as marcas. Muitas mulheres faziam cortes no rosto, testa, barriga, costas e até nas nádegas. No rosto usavam uma agulha, e no corpo uma lâmina, colocando no corte um líquido chamado oye dúdú, que fazia com que as cicatrizes ficassem pretas.

Atualmente esse costume está praticamente extinto.
Os católicos e os muçulmanos, por exemplo, não o adotam.



Outra forma muito comum de embelezar o corpo era furar as orelhas, nariz ou lábios.
Logo ao nascer um bebê do sexo feminino, a mãe furava as orelhas para colocar brincos que, em certas regiões como sul de Benue, terra dos tapa e haussá, eram pedaços de coral, sendo preciso furos bem grandes.
Nos lábios e nariz eram usados anéis ou um pedaço grosso de coral.
Destes hábitos, o único que ainda permanece é o de furar as orelhas.
Aqui, mais uma vez, vemos que é uma herança Yorùbá o costume de pintar os ìyáwó com produtos naturais (waji, òsùn, etc.) para a festa da saída do seu Òrìsà.

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